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Tratar o pet como filho é exagero? Entenda os limites e afetos dessa relação moderna

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Eles dormem na cama, têm nome de gente, usam roupinha combinando com o tutor e ganham até festa de aniversário. Quem convive com cães e gatos sabe: o amor por esses companheiros de quatro patas é tão grande que, muitas vezes, eles passam a ser tratados como filhos. Mas afinal, é errado tratar um pet como se fosse uma criança?

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Será que esse comportamento revela um excesso, ou estamos apenas ressignificando o conceito de família nos tempos atuais? A seguir, mergulhamos nesse universo afetivo para entender até que ponto essa relação faz bem – para humanos e animais.

Os laços entre humanos e pets

Com a urbanização crescente, jornadas de trabalho intensas e mudanças nos formatos familiares, muitos brasileiros passaram a encontrar nos animais de estimação uma forma de preencher o afeto do dia a dia. Cães e gatos deixaram de ser apenas animais domésticos para se tornarem membros da família, ocupando um espaço emocional significativo.

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Segundo a psicóloga e terapeuta familiar Fabiana Morais, esse comportamento pode ser compreendido como um reflexo das transformações sociais. “Não é que as pessoas estão confundindo o papel do pet com o de um filho humano, mas sim reconhecendo nele uma companhia afetiva real, muitas vezes tão intensa quanto a de um parente próximo”, explica.

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Essa dinâmica pode, inclusive, ser benéfica. Estudos mostram que a convivência com animais reduz níveis de estresse, combate a solidão e melhora quadros de depressão leve. Em lares sem crianças ou em famílias monoparentais, por exemplo, o vínculo com um pet pode preencher lacunas emocionais importantes, promovendo bem-estar e equilíbrio.

Quando o amor vira exagero: os sinais de alerta

Apesar de todo o carinho ser legítimo, é importante observar quando a humanização dos animais ultrapassa os limites do saudável. Vestir o pet com roupas desconfortáveis, tratá-lo como incapaz, impedir que ele socialize com outros animais ou negar-lhe comportamentos naturais (como latir ou farejar) são atitudes que, mesmo com boa intenção, podem comprometer seu bem-estar físico e emocional.

gato 1 - Tratar o pet como filho é exagero? Entenda os limites e afetos dessa relação moderna

O médico veterinário Gustavo Lemos, especialista em comportamento animal, alerta: “O problema começa quando o tutor deixa de respeitar a natureza do animal. Um cão precisa ser tratado como cão, com espaço para se comportar como tal. O excesso de mimos ou a tentativa de transformá-lo em um bebê humano pode gerar ansiedade, agressividade e até doenças”.

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Isso não significa que é proibido dar carinho ou montar um cantinho especial para o pet. Mas sim que, para garantir a qualidade de vida do animal, é preciso respeitar suas necessidades instintivas, como caminhadas regulares, brincadeiras que estimulem o olfato e convivência com outros da mesma espécie.

Família multiespécie: um novo jeito de amar

Chamar o pet de “filho” pode ser apenas uma expressão carinhosa, como tantas outras que usamos para falar de quem amamos. O conceito de família multiespécie — quando humanos e animais vivem juntos como um núcleo afetivo — já é reconhecido por estudiosos e, inclusive, usado em processos jurídicos para definir guarda compartilhada de pets após separações conjugais.

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Na prática, isso mostra que a sociedade tem reconhecido o valor da convivência com os animais de forma mais empática e responsável. O importante é não projetar expectativas humanas sobre eles, mas sim aprender a amar respeitando suas diferenças e necessidades.

O equilíbrio é a chave para uma relação saudável

Tratar um cachorro ou um gato com o mesmo amor que se teria por um filho humano não é, por si só, um problema. O desequilíbrio está em esquecer que, apesar do apego emocional, o pet continua sendo um animal com instintos e comportamentos próprios. E o maior gesto de amor que um tutor pode oferecer é justamente cuidar, respeitar e garantir a liberdade dessa natureza.

O carinho genuíno pode (e deve) andar lado a lado com a responsabilidade. Afinal, se é para considerar o pet como parte da família, é essencial que isso se traduza em cuidados adequados, atenção à saúde e ambiente seguro para que ele viva com dignidade.