Connect with us

Comportamento

Por que sentimos ranço? A ciência explica o que há por trás da antipatia súbita

Published

on

ranco - Por que sentimos ranço? A ciência explica o que há por trás da antipatia súbita

Todo mundo já passou por isso: bastou um olhar, uma frase, uma entonação diferente… e pronto. O ranço nasceu. Não há explicação racional, a pessoa não fez nada de grave, mas algo ali incomoda — e muito.

Anúncios

Essa antipatia sem motivo aparente, embora pareça aleatória, tem explicações reais e profundas no campo da psicologia, das relações sociais e até na nossa história emocional. Mas afinal, por que sentimos ranço?

O ranço como alerta do cérebro emocional

De maneira geral, o ranço pode ser visto como um tipo de “defesa afetiva”. Quando conhecemos alguém novo, nosso cérebro faz uma leitura rápida da situação e busca referências no nosso repertório emocional. Se aquela pessoa nos lembra, mesmo que inconscientemente, algo que causou desconforto no passado — como um tom de voz autoritário, um jeito arrogante de se expressar, ou uma expressão facial fria — isso pode acionar um sinal de alerta. E aí nasce o ranço.

conhecendo pensando - Por que sentimos ranço? A ciência explica o que há por trás da antipatia súbita

A psicóloga Patrícia Gebrim, especialista em comportamento humano, explica que muitas vezes não sentimos aversão ao outro, mas sim ao que essa pessoa desperta em nós. “É como se aquele indivíduo fosse um espelho de algo que ainda não resolvemos internamente”, afirma. Nesse sentido, o ranço pode ser um convite à autoanálise.

Anúncios

Ranço e empatia: quando o outro parece “desalinhado”

O ranço também pode aparecer quando não conseguimos estabelecer empatia logo de cara. Isso acontece quando sentimos que os valores, comportamentos ou a energia da outra pessoa não “batem” com os nossos. A quebra de expectativa é outro fator importante: quando idealizamos como alguém deveria agir e essa pessoa se mostra o oposto, o estranhamento se transforma em desconforto.

De acordo com o psiquiatra Leonardo Abrahão, essa reação tem base neurológica. “O nosso cérebro busca conexões rápidas com pessoas que nos pareçam familiares ou seguras. Quando não encontra esses sinais, reage com afastamento e até repulsa. É instintivo”, esclarece.

Quando o ranço diz mais sobre a gente do que sobre o outro

Embora seja fácil apontar o dedo e dizer “não fui com a cara dela”, é importante considerar que o ranço muitas vezes é uma projeção. Ou seja: a pessoa em questão pode carregar características que evitamos enxergar em nós mesmos. Um exemplo? A arrogância alheia pode incomodar quem, no fundo, teme agir de forma parecida. A crítica que irrita pode tocar uma insegurança pessoal.

ranco - Por que sentimos ranço? A ciência explica o que há por trás da antipatia súbita

Assim, o ranço pode ser um sinal de que algo dentro de nós precisa de atenção — inseguranças mal resolvidas, traumas passados, ou até preconceitos que não admitimos ter.

Ranço coletivo: a antipatia compartilhada nas redes e na vida real

Além do ranço individual, há também o fenômeno do “ranço coletivo”, muito comum em redes sociais ou dentro de grupos. Celebridades, influenciadores ou até colegas de trabalho viram alvos de antipatia generalizada, muitas vezes sem fundamentos consistentes. Isso pode estar relacionado a uma necessidade de pertencimento: quando vemos que um grupo rejeita uma pessoa, nos sentimos mais confortáveis em fazer o mesmo, como se isso nos colocasse “do lado certo”.

Anúncios

Esse comportamento tem nome: efeito de contágio emocional. Ao observarmos a antipatia dos outros, podemos adotar a mesma postura, mesmo sem saber exatamente por quê. O ranço, então, se torna uma forma de expressão coletiva — e, muitas vezes, injusta.

Dá para evitar o ranço? Nem sempre. Mas dá para entender.

A verdade é que o ranço faz parte da nossa vivência emocional. Nem sempre conseguimos controlá-lo, mas é possível reconhecer quando ele surge e tentar entender sua origem.

Questionar-se é um bom primeiro passo: “Por que essa pessoa me irrita tanto?”, “Ela realmente fez algo ou estou projetando algo nela?” Essas perguntas ajudam a dar nomes às emoções e impedem que o ranço se transforme em comportamento tóxico ou julgamentos injustos.