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Comportamento

Por que algumas pessoas interrompem tanto os outros?

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Você começa a contar algo importante, está ali desenvolvendo um raciocínio, e de repente: “Mas sabe o que aconteceu comigo?”. A interrupção chega como um corte abrupto, e você se vê escanteada da conversa.

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Se isso acontece com frequência — especialmente com a mesma pessoa — talvez não seja apenas falta de educação, mas sim um traço mais profundo da personalidade dela. E entender esse comportamento pode transformar relações pessoais e profissionais.

Interromper nem sempre é descuido: pode ser ansiedade, carência ou necessidade de controle

Embora pareça apenas um hábito desagradável, o ato de interromper os outros com frequência pode revelar muito mais do que falta de educação. Segundo psicólogos e estudiosos do comportamento humano, muitas vezes isso está ligado à necessidade de afirmação, à ansiedade em ser ouvida ou até à baixa autoestima. Pessoas que têm medo de não serem notadas, por exemplo, tendem a falar por cima dos outros numa tentativa (inconsciente) de não desaparecer da conversa. É como se dizer algo fosse uma forma de provar sua existência ali.

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Além disso, há também quem interrompa como forma de retomar o controle do diálogo. Nesse caso, é como se o discurso do outro representasse uma ameaça ao seu protagonismo, e a única maneira de se manter em evidência fosse se colocando sempre em primeiro plano.

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A falta de empatia como pano de fundo

Em muitos casos, o comportamento também revela pouca empatia. Quando alguém não consegue escutar o outro até o fim, talvez esteja mais preocupada em se expressar do que em realmente se conectar. Isso não significa, necessariamente, maldade — mas sim uma dificuldade em se colocar no lugar do outro e entender que toda fala tem um tempo, um peso e uma importância.

É como explica a psicóloga Ana Carolina Frazão: “A interrupção constante revela uma escuta voltada para responder, não para compreender. Muitas vezes, quem interrompe já está pensando no que vai dizer antes mesmo de terminar de ouvir o que está sendo dito.”

Questões emocionais mal resolvidas podem estar na raiz

Outro fator que pode explicar esse padrão está nas experiências passadas. Alguém que foi muito silenciado na infância, por exemplo, pode carregar uma urgência de falar tudo rápido, antes que sua fala seja cortada de novo. Da mesma forma, uma pessoa que nunca teve suas opiniões valorizadas pode tentar compensar isso atropelando o discurso alheio.

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Segundo o psiquiatra Rodrigo Cezar Lima, esse impulso pode surgir de um lugar de dor: “É comum que pessoas com traumas de rejeição tenham medo de ficarem invisíveis, e por isso interrompam para garantir que serão ouvidas.”

E quando a pessoa não percebe que faz isso?

O mais curioso é que, muitas vezes, quem interrompe não percebe o quanto esse hábito impacta o outro. A intenção pode ser apenas contribuir, complementar ou até demonstrar entusiasmo, mas o efeito gerado é justamente o contrário: frustração e sensação de desrespeito por parte de quem estava falando.

Nesses casos, o ideal é apostar no diálogo honesto e gentil. Dizer algo como “Posso terminar o que estava dizendo antes?” pode fazer a pessoa refletir sobre o próprio comportamento sem se sentir atacada. Às vezes, apenas o fato de alguém apontar com carinho esse padrão já é suficiente para que a outra pessoa comece a se observar mais.

O caminho da mudança passa pela escuta

Quem deseja melhorar suas relações precisa entender que saber ouvir é tão importante quanto saber falar. Escutar com atenção, sem interromper, demonstra respeito, interesse e maturidade emocional. Em tempos em que todos parecem disputar espaço para falar, oferecer silêncio e presença pode ser um presente raro — e poderoso.

Se você se identificou como alguém que costuma interromper os outros, tudo bem. O reconhecimento já é um grande passo. Pratique escutar com intenção. Espere a pausa natural do outro. Respire antes de responder. Pequenos gestos assim mostram que você não quer apenas estar na conversa, mas também se conectar de verdade.