Connect with us

Comportamento

Mulheres de 60+ dançam hip hop e transformam a cena cultural em Curitiba

Published

on

00517610 - Mulheres de 60+ dançam hip hop e transformam a cena cultural em Curitiba

Curitiba tem sido palco de uma verdadeira revolução silenciosa e inspiradora. Na Rua da Cidadania do Tatuquara, um grupo de mulheres com mais de 60 anos encontrou nas danças urbanas não apenas uma forma de exercício físico, mas um reencontro com a autoestima, a alegria e a vida em comunidade. Toda terça-feira à tarde, o som que ecoa do salão não é apenas de batidas marcantes, mas de risadas, conversas e passos de superação.

Anúncios

A atividade, oferecida pela Fundação Cultural de Curitiba, nasceu voltada ao público infantojuvenil, mas encontrou nas mãos e pés das mulheres maduras um novo propósito: mostrar que a dança de rua também pertence à terceira idade.

De alunas tímidas à ocupação da pista

O professor Raphael Fernandes de Souza, conhecido como Rafa, nunca imaginou que a proposta ganharia esse contorno tão especial. A ideia inicial era receber jovens de 7 a 17 anos, mas o destino — e a disposição de algumas senhoras corajosas — transformou a história. “Minha aluna mais nova dessa turma tem 62, a mais velha, 76. E estão vindo mais”, conta ele, com entusiasmo.

00517610 - Mulheres de 60+ dançam hip hop e transformam a cena cultural em Curitiba
FOTO: Luiz Pacheco/FCC

O grupo começou pequeno, com cinco mulheres. Depois vieram mais quatro. Depois, mais seis. Hoje, 24 mulheres participam ativamente das aulas e o número segue crescendo. Diante do sucesso, o projeto foi ampliado: uma turma master para mulheres 60+ às 14h e outra para os jovens às 15h.

Anúncios

Quando a dança é também reencontro

Cada participante carrega uma história, uma razão para estar ali — mas todas encontram no movimento uma nova forma de viver. Nadir Maria Xavier, de 69 anos, conta que mesmo depois de aposentada há duas décadas e ainda trabalhando, ela precisava de algo para si. “Aqui é minha hora de lazer. Eu amo dançar”, diz, com brilho nos olhos.

Para Clayde de Paula, aos 74 anos, o mais especial não é apenas o ritmo, mas o que se constrói em torno dele. “A gente conversa, faz amizade, cria vínculos. É mais diversão do que aula”, descreve, ressaltando a importância do afeto entre as colegas.

E como toda turma precisa de uma líder, Vânia Maria Gregorovicks, de 71 anos, assumiu esse papel naturalmente. Viúva e ativa na comunidade, ela levou diversas amigas para o grupo. “A dança é amizade, é presença, é cuidado com o outro. Eu sempre dancei, agora faço disso um voluntariado também”, revela.

Anúncios

Dança urbana como expressão de pertencimento

A proposta da aula vai além da técnica. No Tatuquara, o que acontece é uma experiência de reconhecimento e reconexão com o próprio corpo. Rafa explica que o trabalho é voltado à coordenação, ritmo, memória e expressão corporal. “Quanto mais movimento, mais vida e mais felicidade”, sintetiza.

E esse movimento não se limita à sala de aula. As alunas já se organizam para participar de apresentações em eventos da comunidade e integrar o Circuito de Dança dos Bairros, reforçando que a cultura urbana também pertence às mulheres maduras.

Segundo Rafa, essas exibições fazem parte do processo pedagógico. “As apresentações quebram barreiras, desafiam o público e mostram que o hip-hop pode ser intergeracional”, afirma.

Anúncios

Um novo olhar sobre envelhecer

O que acontece todas as terças-feiras na Rua da Cidadania do Tatuquara é mais do que uma aula de dança. É um ato simbólico e prático de ocupação cultural, de autocuidado, de empoderamento. As participantes mostram que o envelhecer pode ser ativo, leve e cheio de ritmo.

Aos poucos, os estigmas caem por terra e as pistas são ocupadas por quem tem história para contar — e agora, também para dançar.

Serviço:
Danças Urbanas no Tatuquara – Fundação Cultural de Curitiba
📍 Rua Olivardo Konoroski Bueno, 563
📅 Todas as terças-feiras
🕒 14h às 15h – Turma Master (60+)
🕒 15h às 16h – Turma Juvenil (7 a 17 anos, mas outras idades são aceitas)
🎟 Classificação: livre