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Comportamento

Novo anticorpo pode revolucionar o tratamento da dermatite atópica

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mulher coceira - Novo anticorpo pode revolucionar o tratamento da dermatite atópica

A busca por uma pele lisa, hidratada e sem coceira não é apenas uma questão estética. Para milhões de pessoas que convivem com doenças dermatológicas, como dermatite atópica, o desconforto é constante e pode comprometer o bem-estar emocional e social. Pensando nisso, pesquisadores do Centro de Ciência Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos (CTS-Cevap) desenvolveram um novo medicamento que está chamando a atenção do setor científico e promete transformar a rotina de quem tem sensibilidade extrema na pele.

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⚠️ Aviso de saúde
As informações deste artigo têm caráter informativo e não substituem diagnósticos ou tratamentos prescritos por profissionais de saúde. O medicamento mencionado está em desenvolvimento e ainda não está aprovado para uso clínico. Para orientação médica sobre dermatite atópica ou outras doenças de pele, consulte um dermatologista.

O fármaco é um anticorpo monoclonal recombinante criado para bloquear processos anormais de descamação, que são comuns em quadros como dermatite atópica e síndrome de Netherton. A grande novidade está na forma de aplicação: em vez de injeções ou uso contínuo de corticoides, o tratamento será feito de maneira tópica, diretamente na região afetada.

Essa inovação é liderada por Marcelo Zani, pós-doutorando da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a orientação de Vitor Oliveira, pesquisador principal do CTS-Cevap, sediado na Unesp de Botucatu.

O que torna esse medicamento diferente

Hoje, o tratamento mais comum para dermatite envolve corticoides e imunomoduladores, que aliviam a inflamação, porém podem trazer efeitos colaterais com o uso contínuo e até reduzir a resposta do organismo aos medicamentos com o tempo.

mulher coceira 1 - Novo anticorpo pode revolucionar o tratamento da dermatite atópica

Com o novo bioproduto, o foco muda totalmente. Ele age diretamente sobre a enzima KLK7, responsável pelo excesso de descamação quando produzida de maneira desregulada. Assim, a proposta é recuperar o equilíbrio da barreira cutânea sem interferir nas defesas naturais do corpo. Uma pele mais forte, menos irritada e com menor risco de crises repetitivas.

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Do laboratório para a sua pele

A ideia nasceu quando Zani ainda era doutorando na UFABC, estudando uma molécula inovadora para inibir a enzima envolvida nos sintomas incômodos da doença. A descoberta se apoia na tecnologia phage display, que permite identificar anticorpos com alta precisão para atingir exatamente o alvo desejado.

Depois, já na Unifesp, o grupo refinou a formulação e chegou ao hidrogel, capaz de levar o anticorpo diretamente para as camadas mais superficiais da pele, onde a KLK7 atua. Isso abre caminho para um tratamento localizado, com menor risco de efeitos colaterais e menor custo de produção.

Além da dermatite, há expectativas de que o fármaco possa futuramente atuar em outras doenças muito comuns no Brasil, como a psoríase, que provoca inflamações, manchas vermelhas e coceira intensa.

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Testado em quem realmente precisa

A pesquisa está atualmente na etapa de prova de conceito, avaliando segurança e eficácia em modelos animais que possuem a doença de forma natural: cães com dermatite atópica. A escolha evita adaptações artificiais que poderiam distorcer os resultados da fase inicial.

Com resultados positivos, o medicamento seguirá para testes pré-clínicos e clínicos em humanos, além das avaliações necessárias para registro na Anvisa. A expectativa é que, com o avanço das etapas, o Brasil passe a ter um bioproduto inovador totalmente desenvolvido e fabricado por aqui.

Produção 100% nacional e com tecnologia de ponta

O anticorpo é o primeiro composto biofarmacêutico da startup Biotecnologia KRABS, fundada por Zani e colegas pesquisadores, com apoio do Programa PIPE/FAPESP. A produção piloto deverá ocorrer na V-Biopharma, fábrica-escola vinculada ao CTS-Cevap, garantindo que tudo siga rigorosos padrões de qualidade.

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“Precisamos manter segurança e reprodutibilidade, e a estrutura do CTS-Cevap permite que avancemos de forma sólida”, destaca Oliveira.

Porque isso importa para você

A dermatite atópica afeta até 25% das crianças e 7% dos adultos brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Quem convive com a doença sabe como coceira persistente e ressecamento impactam humor, autoestima, produtividade e até o sono. Um tratamento moderno, com aplicação simples e focado em restaurar a saúde da pele, pode mudar esse cenário para melhor.

Enquanto a novidade não chega às farmácias, ela já traz uma ótima notícia: mais ciência brasileira trabalhando para melhorar a qualidade de vida de quem deseja, acima de tudo, se sentir confortável na própria pele.