Comportamento
Casais sem filhos já são maioria em novos lares brasileiros

O Brasil está vivendo uma transformação silenciosa, mas profunda, dentro de suas casas. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, as famílias formadas por casais com filhos deixaram de ser maioria, representando 42% do total, uma queda expressiva frente aos 56,4% registrados em 2000. No mesmo período, os casais sem filhos dobraram sua presença nos lares brasileiros, saltando de 13% para 24,1%, o equivalente a 13,9 milhões de famílias.
Esses números não apenas apontam para uma nova configuração doméstica, mas também espelham mudanças culturais, econômicas e afetivas que vêm se desenhando ao longo das últimas duas décadas. A escolha de não ter filhos — antes vista como exceção — começa a ser compreendida como uma opção legítima de estilo de vida, motivada por fatores como liberdade financeira, busca por qualidade de vida e prioridade nas relações pessoais e profissionais.
O novo retrato das famílias brasileiras
O levantamento mostra que o país abriga 72,3 milhões de unidades domésticas, e, entre elas, um dado chama atenção: 13,6 milhões são unipessoais, ou seja, compostas por pessoas que vivem sozinhas. Isso representa quase uma em cada cinco moradias no Brasil. A solidão, no entanto, não é sinônimo de isolamento. Em muitos casos, morar só é um ato de independência e autoconhecimento, especialmente entre pessoas acima dos 40 anos — faixa etária que corresponde a 76% desse grupo.

O perfil das famílias também ficou mais plural. Hoje, 94,5% das casas com parentesco possuem uma única família, enquanto 5,5% reúnem mais de um núcleo, em um cenário que reflete desde casais em recasamento até lares compartilhados entre gerações. O modelo tradicional, centrado no casal com filhos, cede espaço a novas formas de convivência, revelando um país mais diverso e dinâmico.
Mulheres no comando: quase metade dos lares é chefiada por elas
Outro destaque importante do Censo é a ascensão das mulheres como chefes de família. Em 2000, elas representavam 22,2% dos responsáveis pelos lares; em 2022, chegaram a 48,8%. Essa virada histórica reflete o impacto direto da educação e da independência econômica. Enquanto o percentual de responsáveis sem instrução ou com apenas o ensino fundamental incompleto caiu de 66,1% para 34,7%, o número de pessoas com ensino superior completo cresceu de 6,3% para 17,4%.
As mudanças também se manifestam no aumento das famílias monoparentais femininas — aquelas em que as mulheres criam os filhos sozinhas. Hoje, 7,8 milhões de lares estão sob essa configuração, o que representa 13,5% do total. O dado reforça não apenas o protagonismo feminino na sustentação das famílias, mas também a persistente necessidade de políticas públicas que apoiem essas mulheres.
Os novos significados da vida em família
O Censo mostra que as famílias brasileiras não estão encolhendo apenas em número de integrantes, mas também se reinventando em significado. O que antes era sinônimo de casal e filhos, hoje abrange diferentes combinações de afetos e convivências.
Os casais sem filhos, em especial, estão moldando uma nova forma de vida doméstica — marcada por escolhas conscientes, foco em carreira e valorização do tempo livre. A tendência acompanha um movimento global, observado também em países como Japão, Alemanha e Canadá, onde o número de lares sem crianças cresce continuamente.
No Brasil, o fenômeno ganha contornos próprios. No Sul e Sudeste, o ritmo acelerado de urbanização e o custo de vida elevado têm contribuído para essa decisão. Já o Norte se mantém como a região com maior proporção de casais com filhos, reflexo das taxas de fecundidade mais altas e de valores familiares ainda fortemente tradicionais.
Uma sociedade em transformação
Mais do que números, o novo retrato do Censo 2022 reflete um país em mutação emocional e cultural. A ascensão de casais sem filhos, o aumento de lares chefiados por mulheres e o crescimento das famílias unipessoais revelam uma sociedade que está repensando o que significa viver junto.
As transformações são fruto de décadas de avanços na educação, no mercado de trabalho e na autonomia individual. Elas mostram que o conceito de família no Brasil continua vivo — apenas mais plural, mais aberto e, acima de tudo, mais livre para escolher o próprio caminho.

Maira Morais, é Mãe, Makeup e influenciadora digital que se destaca no universo da beleza por sua criatividade e técnica refinada. No mercado a anos, decidiu compartilhar dicas de maquiagens, beleza, maternidade e demais inspirações para o universo das mulheres.




