Comportamento
Jornada dupla de trabalho da mulher expõe desigualdade silenciosa no dia a dia

Mesmo diante de avanços importantes no mercado de trabalho, a jornada dupla de trabalho da mulher continua sendo uma realidade presente na vida de milhões de brasileiras. Ao fim do expediente formal, muitas seguem em atividade dentro de casa, assumindo tarefas domésticas, cuidados com filhos e responsabilidades familiares que raramente entram na conta quando se fala em produtividade, esforço ou desgaste.
Essa sobreposição de funções cria uma rotina exaustiva, marcada não apenas pelo cansaço físico, mas também por uma carga emocional e mental constante. Embora cada vez mais mulheres ocupem espaços profissionais, o peso do cuidado ainda recai majoritariamente sobre elas, revelando uma desigualdade que se mantém mesmo em tempos de maior debate sobre equidade de gênero.
O que caracteriza a jornada dupla de trabalho da mulher
A jornada dupla de trabalho da mulher acontece quando a atividade remunerada não representa o fim do dia laboral. Ao retornar para casa, inicia-se uma segunda etapa, muitas vezes mais longa e silenciosa, ligada à manutenção do lar e à organização da vida familiar. Mesmo em lares onde existe algum nível de divisão de tarefas, a responsabilidade final costuma permanecer concentrada nas mulheres.
Esse acúmulo transforma o trabalho doméstico em uma extensão invisível da jornada profissional. O cuidado com a casa, o acompanhamento da rotina escolar, a atenção às demandas emocionais da família e o planejamento do cotidiano passam a ser vistos como obrigações naturais, e não como trabalho em si. Esse entendimento é reforçado por análises jurídicas e sociais amplamente discutidas em plataformas de conteúdo especializado, que apontam como a sobrecarga feminina segue naturalizada nas estruturas familiares.
Por que a sobrecarga feminina ainda persiste no Brasil
A permanência da jornada dupla de trabalho da mulher está profundamente ligada a fatores culturais e históricos. Por décadas, o cuidado foi associado quase exclusivamente ao papel feminino, criando expectativas sociais difíceis de romper. Mesmo com mudanças no perfil das famílias e no acesso das mulheres ao mercado, essas referências continuam influenciando a divisão das responsabilidades dentro de casa.
Além disso, a ausência de políticas públicas consistentes voltadas ao cuidado, como redes de apoio acessíveis e estruturas que incentivem a corresponsabilidade, contribui para que essa sobrecarga seja tratada como algo normal. O resultado é um ciclo em que o esforço feminino sustenta o funcionamento da vida doméstica sem reconhecimento proporcional.
Os impactos da jornada dupla na vida profissional
A rotina marcada pela jornada dupla de trabalho da mulher interfere diretamente nas decisões e oportunidades profissionais. Muitas mulheres acabam abrindo mão de promoções, cargos de liderança ou processos de qualificação por não conseguirem conciliar as exigências do trabalho com as demandas domésticas que seguem sob sua responsabilidade.
Esse cenário ajuda a explicar desigualdades salariais persistentes, a menor presença feminina em posições estratégicas e o aumento do desgaste emocional. O tempo que poderia ser dedicado ao descanso, ao lazer ou ao desenvolvimento pessoal acaba absorvido por tarefas que não aparecem nos currículos, mas pesam diariamente na rotina.
O trabalho invisível e a carga mental do cuidado
Para além das atividades práticas, a jornada dupla de trabalho da mulher inclui o chamado trabalho mental, que envolve planejamento, antecipação de problemas e organização constante da vida familiar. É esse esforço contínuo que faz com que muitas mulheres estejam sempre pensando no que falta, no que precisa ser resolvido e em quem depende delas.
Essa gestão invisível do cotidiano amplia o cansaço e dificulta a desconexão, mesmo nos momentos de descanso. A soma entre trabalho formal, tarefas domésticas e responsabilidade emocional cria uma sensação permanente de alerta, que impacta a saúde mental e a qualidade de vida.
Caminhos possíveis para reduzir a jornada dupla
Reduzir a jornada dupla de trabalho da mulher exige mudanças que vão além do discurso. A divisão mais justa das tarefas domésticas e do cuidado é um passo essencial, assim como o reconhecimento do valor social desse trabalho historicamente invisibilizado. Relações mais equilibradas começam quando o cuidado deixa de ser visto como obrigação feminina e passa a ser entendido como responsabilidade coletiva.
Incentivar a corresponsabilidade dentro do lar, ampliar o debate sobre o trabalho de cuidado e fortalecer estruturas de apoio são medidas fundamentais para que a rotina feminina deixe de ser marcada pela sobrecarga silenciosa. Tornar visível aquilo que sempre sustentou o cotidiano é parte essencial do caminho para uma sociedade mais justa.

Maira Morais, é Mãe, Makeup e influenciadora digital que se destaca no universo da beleza por sua criatividade e técnica refinada. No mercado a anos, decidiu compartilhar dicas de maquiagens, beleza, maternidade e demais inspirações para o universo das mulheres.


