Moda
Ana Schurmann lança vestido que vira chapéu, bolsa e trench em defesa do luxo consciente

A inquietude criativa de Ana Schurmann acaba de ganhar uma nova forma, literalmente. Top model, cantora e compositora, a multiartista tropicalizou o conceito de guarda-roupa inteligente e o levou a outro nível com o The Transformation Dress, um vestido multifuncional que se desdobra em cinco versões e levanta uma pergunta que conversa diretamente com o consumo de moda atual: por que acumular dezenas de peças, quando um único item pode assumir tantas funções e acompanhar tantas fases do dia?
Mais do que um truque de styling, o projeto nasce como manifesto sobre luxo consciente, funcionalidade e criatividade aplicada à vida real. Em um único desenho, a peça se transforma em chapéu, bolsa, saia, vestido e trench coat, sempre com o mesmo DNA minimalista e escultural que já é marca registrada da artista.
Luxo consciente em formato de vestido
A proposta do The Transformation Dress não é apenas impressionar pela engenharia de design, mas provocar uma reflexão sobre quantidade e qualidade no guarda-roupa. Em vez de apontar para um closet abarrotado, a criação de Ana Schurmann convida a olhar para poucos itens, porém mais inteligentes, duráveis e versáteis.

“Para quem prefere não estar sobrecarregada com excessos e bagagens. Dentro de um único objeto há um guarda-roupa completo que se transforma, oferecendo infinitas possibilidades. Por que possuir muitos, quando um pode ser tudo?”, resume Ana Schurmann, que trabalha como modelo desde os 13 anos, com passagens por grifes como Dior, Calvin Klein e Tommy Hilfiger, além de assinar trilhas sonoras para desfiles e lançar suas próprias composições.
O resultado é uma peça que conversa com a vida agitada de quem sai de casa cedo e precisa de um look que acompanhe diferentes momentos, sem perder informação de moda. Ao mesmo tempo, abre espaço para um olhar mais responsável sobre consumo, sem abrir mão do desejo, do glamour e da linguagem de passarela.
De um esboço de bolsa a um vestido-transformer
O vestido que vira chapéu, bolsa e trench não surgiu pronto. A ideia começou pequena, literalmente, a partir de um desenho de bolsa feito por Ana há cerca de dois anos. Intrigada com a possibilidade de um acessório que se desdobrasse em outros formatos, ela convidou o arquiteto Andrea Pfalfinger para traduzir seu rascunho em um desenho mais técnico, capaz de suportar dobras, ajustes e novas proporções.

A cada conversa sobre o projeto, surgia admiração, mas também ceticismo. “Comecei a mostrar a ideia para várias pessoas, incluindo o criador de chapéus londrino Stephen Jones, e a resposta era sempre a mesma: que seria impossível de fazer”, relembra Ana em entrevista ao Elas no Tapete Vermelho. Por dois anos, essa palavra — “impossível” — acompanhou o desenho, mas não foi suficiente para derrubar o conceito.
A perseverança, nesse caso, foi tão protagonista quanto o design. Ana insistiu, testou, voltou atrás, redesenhou, até encontrar o elemento que faltava para que o The Transformation Dress deixasse o campo da imaginação e se tornasse realidade.
A descoberta do tecido certo e o encontro com a moda sustentável
O ponto de virada dessa história aconteceu em um ateliê, durante a preparação de um figurino para uma performance das músicas de Ana Schurmann em Londres. Em meio às buscas, surgiu a visita a uma fábrica de um amigo, onde ela encontrou o tecido que se tornaria a base da peça: um fustão de algodão extremamente leve, produzido a partir de retalhos de descarte.
De repente, o que parecia apenas um experimento de forma ganhou também um discurso de moda sustentável. “Encontramos na fábrica de um amigo um tecido sustentável — um fustão de algodão proveniente de retalhos de descarte — extremamente leve. Essa leveza foi a chave: a partir dela, conseguimos desenvolver um protótipo em que a saia menor se transforma em chapéu e, consequentemente, em bolsa. Já a saia maior pode virar um trench coat”, explica a modelo.
A escolha do material foi decisiva. A leveza do fustão não só permite que as partes da peça se acomodem umas dentro das outras, sem criar volume excessivo, como reforça o discurso de luxo consciente que acompanha o The Transformation Dress desde a sua concepção. A construção manual, feita com atenção a cada etapa, completa a narrativa de um produto artístico, pensado para durar e para ser usado de muitas formas.
Como funciona o The Transformation Dress, na prática
A estrutura do vestido multifuncional de Ana Schurmann é quase um quebra-cabeça de alta-costura, mas desenhado para ser intuitivo no uso. A base é um vestido tubinho limpo, que serve como “tela em branco” para as transformações. Em torno dele, entram duas saias acopladas, uma menor e outra maior, que se desdobram em novas versões de look.
“As duas saias, a pequena e a grande, que estão anexadas ao vestido tubinho, juntas formam um novo vestido. E o próprio tubinho também é multifuncional: ele possui três comprimentos possíveis — longo, médio e curto — permitindo diferentes usos e situações”, detalha Ana.
A partir dessas combinações, a saia menor pode ser ajustada para se transformar em chapéu, e depois reconfigurada como bolsa, enquanto a saia maior se abre em um trench coat leve, que funciona quase como uma camada final de styling. Tudo isso acontece sem perder a coerência estética: não se trata de uma peça de truque, mas de um desenho pensado para ser interessante em todas as fases da transformação.
Feito à mão, com olhar de artista
O processo de criação e execução reflete a visão de Ana Schurmann sobre moda como expressão artística. O The Transformation Dress foi costurado pela própria Ana ao lado de Cristina Mura, sua parceira de ateliê. “Todas as minhas peças são feitas à mão, com muito cuidado em cada etapa”, conta a multiartista.
Esse cuidado manual reforça o caráter de obra exclusiva, mesmo que a peça esteja disponível para compra em seu site oficial. O vestido multifuncional já pode ser adquirido em anaschurmannart.com, ao preço de R$ 7 mil, valor que conversa com a proposta de peça de autor, produzida em pequena escala, com forte carga conceitual e acabamento artesanal.
Não é apenas um item de moda, mas um objeto que pode facilmente ocupar um lugar especial no closet de quem valoriza peças de história longa, que acompanham viagens, shows, eventos e encontros importantes com a mesma desenvoltura.
Do ateliê para a passarela: o sonho do desfile 100% transformável
A ambição em torno do projeto não termina no lançamento. Ana Schurmann já fala em desdobrar o The Transformation Dress em um momento de passarela, com direito a performance ao vivo das transformações. “Meu sonho é poder transformá-lo ao vivo no SPFW e realizar o meu primeiro desfile inteiramente multifuncional”, confessa.

Especialista em Moda e estilo pessoal, Clara é apaixonada por transformar o guarda-roupa de suas leitoras em uma expressão autêntica de sua personalidade. Formada em Design de Moda, Clara escreve com o intuito de trazer dicas acessíveis e práticas, que valorizam cada tipo de corpo e estilo. Suas matérias vão além das tendências: Clara acredita que a moda é uma forma de empoderamento e autoconhecimento, inspirando leitoras a se expressarem com confiança.



