Midia
Aos 28 anos, curitibana transforma indignação em site que ajuda mulheres a evitar o “boy cilada”

A sucessão de notícias sobre feminicídio, violência doméstica e relacionamentos abusivos tem provocado mais do que indignação. Para algumas mulheres, o impacto dessas histórias virou combustível para agir. Foi exatamente assim que nasceu o Plinq, uma plataforma criada por uma jovem curitibana que decidiu usar a tecnologia como aliada da segurança feminina.
Sem formação em programação e sem um plano de negócios tradicional, Sabrine Matos, hoje com 28 anos, transformou inquietação em ação após acompanhar um caso que a marcou profundamente: o assassinato de uma jornalista por um homem que escondia um histórico de violência. A vítima não sabia com quem estava se relacionando — e essa falta de informação foi determinante.
“Eu pensei: se ela tivesse tido acesso a isso antes, talvez estivesse viva”, relembra.
Uma ideia simples, mas urgente
O Plinq nasceu com uma proposta direta: permitir que mulheres façam uma checagem de antecedentes de pessoas com quem pretendem se envolver, usando apenas dados básicos como nome, telefone ou CPF. A consulta cruza informações públicas disponíveis em tribunais e bases oficiais, organizadas de forma simples e visual.
Em poucos segundos, a plataforma indica se há registros relevantes, utilizando um sistema de alertas por cores que facilita a leitura e evita interpretações confusas. Verde indica ausência de registros, amarelo sugere atenção e vermelho aponta histórico grave.
“A informação já existe, mas está espalhada e inacessível. O que fizemos foi organizar tudo de um jeito que qualquer mulher consiga usar”, explica Sabrine.
Cinco meses após o lançamento, o site já ultrapassou 35 mil usuárias, número que cresce impulsionado principalmente pelo boca a boca nas redes sociais.
Tecnologia sem glamour, mas com propósito
Para tirar a ideia do papel, Sabrine contou com o apoio do sócio Felipe Bahia. Nenhum dos dois vinha da área de tecnologia. A solução foi recorrer a uma plataforma no-code, que permite criar sistemas funcionais sem escrever uma linha de código.
“Nosso foco nunca foi fazer algo perfeito, mas algo que funcionasse rápido. Cada dia de atraso podia custar caro”, afirma.
A escolha permitiu lançar a ferramenta em tempo recorde e ajustar o produto com base no uso real das mulheres, algo que se tornou parte da filosofia do projeto.
Um histórico empreendedor que vem de cedo
O espírito empreendedor acompanha Sabrine desde a adolescência. Aos 15 anos, ela fundou uma marca de camisetas estampadas com referências de artistas pop e chegou a vender produtos em shows pelo país, sozinha, com apoio de fã-clubes e redes sociais.
Mais tarde, migrou para o marketing, atuou em startups, trabalhou com growth e fundou uma agência que chegou a ter 20 funcionários. A experiência trouxe aprendizados importantes.
“Empreender me ensinou que errar rápido é melhor do que não tentar. O sucesso raramente vem em linha reta”, diz.
Depois de encerrar esse ciclo profissional, foi justamente o tempo livre que abriu espaço para a criação do Plinq.
Informação como forma de proteção
O ponto de virada emocional veio com o assassinato da jornalista Vanessa Riccardi, morta pelo ex-companheiro mesmo após ter denunciado agressões e buscado ajuda. O agressor já tinha histórico de violência, mas isso só veio à tona depois da tragédia.
“A Vanessa poderia ser qualquer uma de nós. Ela fez tudo certo, mas não tinha acesso à informação que poderia ter mudado o desfecho”, afirma Sabrine.
Desde então, a plataforma acumula relatos de mulheres que evitaram encontros, encerraram relacionamentos ou decidiram não avançar após consultas preocupantes. Segundo a fundadora, já são mais de 200 casos em que o Plinq ajudou a prevenir situações de risco.
Legalidade, limites e responsabilidade

O funcionamento da plataforma levanta discussões jurídicas, mas o projeto opera exclusivamente com dados públicos, sem acesso a informações sigilosas ou privadas. Ainda assim, o time acompanha de perto questões relacionadas à LGPD e possíveis mudanças na legislação.
“Não criamos nada novo. Só facilitamos o acesso ao que já está disponível. A diferença é que agora a informação chega antes, não depois da tragédia”, resume.
O que vem pela frente
O próximo passo do Plinq é o lançamento de um aplicativo, previsto para os próximos meses, com novas funcionalidades pensadas para ampliar a rede de proteção. Entre elas, recursos de check-in de segurança, botão de emergência e ferramentas de apoio entre mulheres.
“Não é só sobre saber com quem você vai sair. É sobre garantir que você volte para casa”, explica Sabrine.
Além disso, a startup se prepara para sua primeira rodada oficial de investimento, com planos de expansão e sustentabilidade financeira. Apesar dos desafios, a fundadora segue convicta do propósito.
“Se a gente conseguir salvar uma mulher, já valeu. O direito à vida precisa vir antes de qualquer outra coisa.”

Social Midia e crítica de cultura pop, Renata domina o mundo das fofocas e novelas como ninguém. Com uma trajetória em grandes portais de entretenimento, ela traz uma visão divertida e crítica sobre os bastidores do universo das celebridades e das tramas de novelas. Renata é conhecida pelo seu tom bem-humorado e envolvente, que leva os leitores a se sentirem parte dos acontecimentos, discutindo os detalhes de suas novelas favoritas e compartilhando curiosidades imperdíveis das estrelas.



