Comportamento
Como a violência silenciosa afeta quem cuida de todos nós

No dia 5 de novembro, São Paulo será palco de um debate urgente e muitas vezes invisibilizado: os efeitos da violência no cotidiano dos profissionais que atuam diretamente com o público, em áreas como assistência social, educação e saúde. O seminário “Burocracia de nível de rua, políticas públicas e violência”, promovido pelo Centro de Estudos da Metrópole e pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, acontece na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), no bairro do Butantã, e coloca luz sobre uma ferida aberta nas estruturas de atendimento do Estado.
Ao contrário do que o nome técnico pode sugerir, os chamados “burocratas de nível de rua” não vivem atrás de uma mesa. Eles estão em escolas públicas, em unidades de saúde, em abrigos, em conselhos tutelares e nas ruas — são profissionais que implementam as políticas sociais na prática, ouvindo histórias marcadas por abandono, sofrimento e, muitas vezes, violência. O seminário propõe entender como esses trabalhadores, em meio à escassez de recursos, decisões difíceis e demandas crescentes, vêm sendo afetados emocional e fisicamente pelas situações que enfrentam todos os dias.
Violência que atravessa e silencia
A programação do encontro será dividida em dois momentos. Pela manhã, especialistas debatem o impacto da violência nas práticas policiais, tema que afeta diretamente comunidades vulneráveis e também os agentes públicos que operam nesses territórios. Em seguida, a atenção se volta a quem atua em serviços sociais, educacionais e de saúde. A proposta é escutar relatos e compartilhar pesquisas que mostram como esse grupo, essencial para o funcionamento de qualquer cidade, também sofre com o peso do medo, da precarização e da falta de proteção institucional.
Trabalhar na linha de frente tem exigido mais do que vocação ou preparo técnico. Exige resistência. Em muitos casos, o profissional não apenas se torna testemunha da dor do outro, mas também alvo direto de agressões verbais, físicas ou simbólicas, seja por parte de usuários dos serviços ou por negligência do próprio sistema público. A sensação de desamparo, aliada à sobrecarga, contribui para um desgaste psicológico severo, que pode levar à adoção de estratégias de autoproteção que impactam diretamente a qualidade do atendimento — e a saúde de quem o oferece.
Quando cuidar adoece
Os estudos que embasam o seminário evidenciam uma realidade comum a muitas mulheres, especialmente em áreas como a saúde e a assistência social, em que a maioria dos cargos de base é ocupada por elas. A ideia do “cuidar” como um dom feminino é frequentemente romantizada, enquanto as condições de trabalho permanecem difíceis. O seminário não propõe respostas fáceis, mas convida à escuta e ao reconhecimento de que esses profissionais — que sustentam os serviços públicos com corpo e alma — precisam de apoio, visibilidade e políticas que os protejam.
Aberto ao público e com entrada gratuita, o evento não exige inscrição e ocorre das 9h às 13h no Auditório 14 do prédio das Ciências Sociais da FFLCH. Em tempos em que o cuidado virou palavra de ordem, o seminário é um lembrete importante: quem cuida também precisa ser cuidado.

Social Midia e crítica de cultura pop, Renata domina o mundo das fofocas e novelas como ninguém. Com uma trajetória em grandes portais de entretenimento, ela traz uma visão divertida e crítica sobre os bastidores do universo das celebridades e das tramas de novelas. Renata é conhecida pelo seu tom bem-humorado e envolvente, que leva os leitores a se sentirem parte dos acontecimentos, discutindo os detalhes de suas novelas favoritas e compartilhando curiosidades imperdíveis das estrelas.




