O reality “Ilhados com a Sogra” trouxe à tona um tema que parece sempre gerar polêmica: a complexa relação entre sogras e noras.
Após a segunda temporada viralizar, internautas discutiram o comportamento de mães que, aparentemente, não aceitam outra mulher na vida de seus filhos. Por que isso acontece? Quais são as consequências dessa postura para as relações familiares e emocionais?
Por que algumas mães não aceitam outra mulher na vida do filho?
O apego intenso de algumas mães ao filho é um reflexo de uma construção social que ensina mulheres a se dedicarem completamente ao cuidado dos outros. Segundo a terapeuta Ana Luíza Mendes, especialista em relações familiares, “muitas mães crescem com a ideia de que seu papel principal é nutrir e proteger, o que, em alguns casos, leva à dificuldade de abrir espaço para outras figuras femininas na vida do filho.”

A falta de rede de apoio e a sobrecarga emocional enfrentada por essas mulheres podem intensificar essa dinâmica. A pesquisa “Mulheres e Maternidade” da Universidade de São Paulo aponta que 78% das mães sentem que sua identidade pessoal se perde em meio às responsabilidades do dia a dia. Isso pode levar a uma relação simbiótica com os filhos, dificultando a aceitação de mudanças, como um casamento.
Quando a maternidade vira posse emocional
Algumas mães acabam projetando no filho as necessidades emocionais que não são supridas em seus próprios relacionamentos. Essa dinâmica é conhecida como parentificação, segundo a psicóloga Raquel Esteves. “Quando a mãe transfere para a criança o papel de parceiro emocional, isso compromete tanto o desenvolvimento saudável do filho quanto sua capacidade de criar relações independentes no futuro,” explica.
O impacto dessa posse emocional pode ser devastador. Filhos que crescem nesse ambiente muitas vezes desenvolvem dificuldades em estabelecer limites, carregar sentimentos de culpa ou até mesmo afastar-se emocionalmente da mãe para proteger sua individualidade.
O que alimenta o conflito entre sogras e noras?
A rivalidade entre sogra e nora frequentemente surge da percepção de que a nova figura feminina representa uma ameaça à relação que a mãe estabeleceu com o filho. “Isso não é apenas sobre controle, mas também sobre insegurança e medo de perder o vínculo”, comenta o terapeuta familiar João Barreto. Além disso, a idealização de um papel exclusivo na vida do filho pode gerar críticas constantes à nora, desde a forma como ela organiza a casa até a educação dos netos.
Essas tensões acabam criando barreiras emocionais e dificultando a convivência familiar. De acordo com um levantamento do Instituto de Estudos Psicológicos, 65% dos casais afirmaram que conflitos com as mães afetam diretamente sua relação conjugal.
Como romper o ciclo?
Romper com essas dinâmicas exige esforço tanto da mãe quanto do filho. A mãe precisa entender que é possível construir um espaço de autonomia emocional sem perder a conexão com o filho. A psicoterapeuta Fernanda Campos sugere: “O acompanhamento terapêutico pode ajudar as mães a desenvolverem novos interesses e redescobrirem sua identidade fora da maternidade.”
Para os filhos, estabelecer limites de maneira respeitosa é fundamental. Isso pode incluir conversas sinceras e a criação de novas regras de convivência. Contudo, quando o comportamento possessivo persiste, afastar-se pode ser uma alternativa para preservar a saúde emocional.
Conclusão natural e reflexiva
O debate gerado por “Ilhados com a Sogra” mostra que o relacionamento entre sogras e noras vai além de meros desentendimentos; ele reflete questões emocionais profundas. Entender as raízes desse comportamento e buscar formas de equilíbrio pode transformar esses laços em conexões mais saudáveis e harmoniosas. Afinal, a construção de uma família vai além do amor entre mãe e filho—ela envolve respeito, autonomia e empatia.

Especialista em Moda e estilo pessoal, Clara é apaixonada por transformar o guarda-roupa de suas leitoras em uma expressão autêntica de sua personalidade. Formada em Design de Moda, Clara escreve com o intuito de trazer dicas acessíveis e práticas, que valorizam cada tipo de corpo e estilo. Suas matérias vão além das tendências: Clara acredita que a moda é uma forma de empoderamento e autoconhecimento, inspirando leitoras a se expressarem com confiança.