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Comportamento

Eles cresceram com a IA: crianças já usam inteligência artificial para tudo — dos estudos às emoções

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jove celular - Eles cresceram com a IA: crianças já usam inteligência artificial para tudo — dos estudos às emoções

A inteligência artificial deixou de ser assunto de ficção científica ou ferramenta exclusiva de adultos. Agora, ela está presente no cotidiano de 65% das crianças e adolescentes brasileiros com idades entre 9 e 17 anos.

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Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, realizada pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), essa tecnologia vem sendo usada para estudar, criar conteúdos digitais, buscar informações e até conversar sobre emoções. Um dado que não apenas impressiona, mas também levanta reflexões sobre o futuro das novas gerações e sua relação com o mundo digital.

A IA que ensina, ouve e cria

Para a maioria dos jovens conectados, a IA generativa não é uma novidade distante: ela virou aliada dos estudos. Mais da metade já utiliza a tecnologia para pesquisas escolares ou para revisar conteúdos importantes. E essa prática cresce com a idade: enquanto 37% das crianças entre 9 e 10 anos usam IA nos estudos, esse número salta para 68% entre os adolescentes de 15 a 17 anos.

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Além disso, a inteligência artificial também está sendo usada como ferramenta de expressão criativa: 21% já exploram o recurso para criar textos, imagens e outros formatos de conteúdo digital. Outros 10% foram além e admitiram conversar com a IA sobre problemas pessoais ou sentimentos — uma faceta emocional que surpreende e convida a uma análise mais sensível sobre o uso da tecnologia como canal de escuta.

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As telas que conectam (e isolam)

Mesmo com novas ferramentas, o celular continua sendo o grande protagonista na vida digital dos jovens: 96% acessam a internet por ele, e 74% o utilizam várias vezes ao dia. Em contraste, o uso da rede dentro das escolas caiu de 51% para 37%, reflexo direto da nova legislação que restringe os celulares em ambientes escolares.

Dentro de casa, o acesso segue constante: 84% dos jovens se conectam “várias vezes ao dia” na própria residência. Já na escola, apenas 12% conseguem fazer isso com a mesma frequência, o que evidencia uma mudança no comportamento de consumo digital entre os espaços de aprendizagem e os de lazer.

YouTube, TikTok e influenciadores: os mestres da nova geração

Quando se fala em plataformas digitais, o WhatsApp ainda lidera a lista entre os jovens, seguido de perto por YouTube, Instagram e TikTok. A presença nessas redes aumenta com a idade, e entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 99% já têm perfil em pelo menos uma delas.

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Os conteúdos preferidos? Vídeos de influenciadores, que são vistos várias vezes ao dia por quase metade dos jovens. Além disso, eles acompanham tutoriais, vídeos de jogos, séries e filmes, revelando como a multimídia ocupa um papel central nas rotinas online. A familiaridade com essas linguagens já molda a forma como crianças e adolescentes aprendem, se inspiram e se relacionam com o mundo.

O lado comercial das telas

Nem tudo é entretenimento: os jovens também estão cada vez mais expostos a conteúdos publicitários disfarçados de diversão. Cerca de 55% relataram ver anúncios em redes sociais, e mais da metade já teve contato com propagandas em vídeos. Entre os formatos mais vistos, estão aqueles em que influenciadores abrem embalagens, testam produtos ou recomendam marcas.

O dado que mais chama atenção é o número de adolescentes (53%) que disseram ter visto vídeos promovendo jogos de aposta — um tipo de conteúdo não recomendado para a faixa etária. Além disso, 21% admitiram já ter gasto dinheiro em jogos online, seja para avançar de fase ou conquistar itens especiais.

Outro dado que revela a maturidade digital precoce: 65% percebem que, ao pesquisar ou falar sobre algum produto, passam a receber mais propagandas relacionadas. A inteligência artificial não apenas acompanha, mas também influencia decisões de consumo já na infância.

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Quando a criança vira a professora

O estudo também revela um fenômeno curioso: muitos pais aprendem com os filhos sobre segurança e comportamento online. Enquanto 50% dos responsáveis buscam orientação com as próprias crianças ou adolescentes, 31% dos jovens também ajudam os pais a navegar no mundo digital. Há, portanto, uma troca ativa que desafia o modelo tradicional de mediação.

Mesmo assim, 44% dos pais ainda mantêm o hábito de conversar sobre o que os filhos fazem na internet, o que pode representar um importante passo para a construção de uma relação mais consciente, segura e colaborativa com a tecnologia.

Um retrato da geração que pensa, sente e cria com IA

Os dados da pesquisa mostram que a geração atual cresceu em um ambiente digital moldado por inteligência artificial, redes sociais e conexões instantâneas. Mais do que consumidores passivos, crianças e adolescentes estão usando a tecnologia para se expressar, aprender e até lidar com suas emoções.

Diante desse cenário, surge um novo desafio para pais, educadores e sociedade: entender como essa geração usa a IA para construir identidade, conquistar autonomia e moldar seus desejos em um mundo cada vez mais mediado por algoritmos — e, quem sabe, cheio de promessas tecnológicas, mas também de fragilidades humanas.

O que está claro é que a inteligência artificial chegou cedo e para ficar — agora, o próximo passo é garantir que ela seja usada de forma saudável, ética e que respeite o desenvolvimento integral das próximas gerações.