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Comportamento

Flutuação hormonal e imunidade: o que muda no corpo feminino e como o exercício físico ajuda a recuperar o equilíbrio

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Resumo

• As oscilações de estrogênio e progesterona alteram diretamente a imunidade feminina ao longo do ciclo menstrual e da menopausa.
• A fase folicular favorece respostas menos inflamatórias, enquanto a fase lútea aumenta o cansaço e a vulnerabilidade do organismo.
• A menopausa intensifica processos inflamatórios, impactando músculos, ossos e metabolismo devido ao declínio acentuado do estradiol.
• Pesquisa da Unesp, apoiada pela FAPESP, revela falhas na caracterização do ciclo menstrual e abre novas frentes de estudo sobre imunidade.
• O exercício físico surge como aliado, reduzindo inflamações, fortalecendo o corpo e equilibrando a saúde em todas as fases da vida feminina.

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A saúde da mulher é guiada por ritmos próprios, determinados pelas constantes oscilações de estrogênio e progesterona. Esses hormônios não apenas coordenam o ciclo menstrual, como também influenciam a energia, o humor, o metabolismo e, de maneira profundamente silenciosa, o sistema imunológico. Em alguns períodos, o corpo se torna mais resistente; em outros, fica mais vulnerável a inflamações, estresse e cansaço.

Essa dinâmica se expressa ao longo da vida. Enquanto mulheres jovens convivem com flutuações mensais, na menopausa a queda hormonal torna-se permanente, redefinindo como o organismo lida com inflamações e agressões externas. Em todos esses cenários, a imunidade responde como um espelho — refletindo cada variação interna.

O que acontece com a imunidade durante o ciclo menstrual

O ciclo menstrual não é apenas um marcador reprodutivo. Ele representa uma série de ajustes biológicos que impactam a forma como as células de defesa atuam no dia a dia.

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Na fase folicular, que se estende da menstruação até a ovulação, o estrogênio cresce gradualmente enquanto a progesterona permanece baixa. Esse cenário favorece uma resposta imunológica mais equilibrada e menos inflamatória. É comum que mulheres se sintam mais ativas, com mais clareza mental e melhor desempenho físico, especialmente próximo à ovulação.

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Já na fase lútea, que antecede a menstruação, o estrogênio diminui e a progesterona aumenta, alterando o comportamento das células imunes. Nessa etapa, marcadores pró-inflamatórios como TNF-α e IL-6 tendem a aumentar, ao mesmo tempo em que substâncias protetoras diminuem. Resultado: maior sensação de cansaço, irritabilidade, recuperação muscular mais lenta e uma vulnerabilidade mais evidente do organismo.

As mulheres percebem isso não apenas no corpo, mas também no emocional — e ambas as dimensões refletem esse mesmo movimento interno.

Estudos revelam falhas e abrem novas perspectivas

O debate sobre como a oscilação hormonal interfere na imunidade ganhou força após uma revisão científica conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da FAPESP. O trabalho analisou os principais estudos internacionais e identificou um ponto que atravessa décadas de pesquisa: a falta de precisão na caracterização das fases do ciclo menstrual.

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Em muitos estudos, aplicativos de celular são utilizados para determinar em que fase do ciclo a mulher está. Esses métodos, no entanto, indicam apenas se a mulher está menstruada ou não, ignorando fases cruciais — folicular, ovulatória e lútea — nas quais as variações hormonais são decisivas para entender mudanças imunológicas.

Essa simplificação gera resultados divergentes, dificulta comparações e impede a construção de conclusões sólidas. É como tentar mapear uma maré observando apenas a superfície, sem considerar a profundidade e as correntes internas.

A revisão apoiada pela FAPESP também destacou um problema anterior: por boa parte da história científica, estudos clínicos e experimentais priorizaram homens ou animais machos como padrão de referência. O corpo feminino, com suas dinâmicas próprias, foi frequentemente ignorado, o que abriu grandes lacunas na compreensão da saúde da mulher.

Agora, com esse diagnóstico técnico, a equipe se prepara para uma nova fase de pesquisa com mulheres brasileiras, investigando de forma mais minuciosa como o ciclo menstrual, a perimenopausa e a menopausa modulam a resposta inflamatória. Além disso, o estudo busca entender se a atividade física consegue interferir positivamente nessas oscilações em diferentes etapas da vida.

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Quando a menopausa transforma o terreno inflamatório

A menopausa marca a interrupção definitiva das flutuações mensais. O estradiol cai de forma acentuada e o organismo passa a responder de maneira diferente aos estímulos externos. Essa mudança não envolve apenas sintomas imediatos, como ondas de calor, mas também altera mecanismos internos associados à inflamação.

Com o estradiol em declínio, aumentam as chances de desenvolver:

• inflamações persistentes
• doenças cardiovasculares
• perda de massa muscular (sarcopenia)
• alterações ósseas e metabólicas

O sistema imunológico acompanha essa transformação, tornando ainda mais importante investir em estratégias que fortaleçam o corpo durante essa nova fase.

Exercício físico: uma resposta poderosa em todas as fases da vida

Embora não reverta a queda hormonal, o exercício físico é uma das ferramentas mais eficazes para regular a imunidade. Movimentar o corpo estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias, melhora a circulação, fortalece ossos e músculos e contribui para uma sensação geral de vitalidade.

Durante a vida reprodutiva, a prática regular ajuda a suavizar os efeitos da fase lútea, reduzindo o cansaço e a inflamação natural desse período. Na menopausa, o exercício funciona como um escudo biológico, atuando contra a perda óssea, o acúmulo de gordura abdominal e os impactos do metabolismo mais lento.

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Além disso, ele melhora a qualidade do sono — outro fator essencial para manter o sistema imunológico eficiente — e contribui para o equilíbrio emocional, frequentemente sensível às oscilações hormonais.

Uma nova compreensão sobre o corpo feminino

A combinação entre conhecimento científico atualizado, apoio a pesquisas como as conduzidas pela Unesp e pela FAPESP, e práticas de movimento que respeitam cada fase da vida permite olhar para o corpo feminino de forma mais ampla e generosa.

O que antes era visto apenas como “TPM”, “variação de humor” ou “coisas de mulher” agora ganha explicações biológicas profundas, fundamentadas e cheias de nuances. E à medida que a ciência avança, esse entendimento se transforma em empoderamento — porque compreender o próprio corpo é uma forma poderosa de cuidar de si.

As oscilações hormonais existem e fazem parte do ritmo natural da vida feminina. Mas elas não precisam ser um obstáculo. Com informação, atenção ao próprio ciclo e prática regular de exercício físico, o organismo responde com mais equilíbrio, vitalidade e força ao longo de toda a trajetória.