A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) acaba de fazer história ao se tornar a primeira instituição pública brasileira a oferecer o curso de Engenharia de Robôs, previsto para começar em 2026. A aprovação do projeto pelo Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Administração (Coepea) reforça o compromisso da universidade com a formação de profissionais alinhados à nova era da automação e da inteligência artificial.
Até então, a graduação existia apenas em uma instituição privada, a FEI, em São Bernardo do Campo (SP). A chegada do curso à rede pública representa uma ampliação significativa no acesso à formação tecnológica de alto nível, impulsionando o desenvolvimento científico nacional. O projeto conta com o apoio do Ministério da Educação (MEC), do programa Universidades Inovadoras e da Sociedade Brasileira de Robótica, entidades que reconhecem o potencial estratégico do avanço na área.
Uma formação para o futuro da tecnologia
A FURG oferecerá 40 vagas anuais por meio do Sisu 2026, em um curso de cinco anos e 3.795 horas de carga horária total. A estrutura curricular combina disciplinas clássicas da engenharia — como física, matemática e eletrônica — a conteúdos avançados sobre robótica móvel, industrial, subaquática e aérea, além de visão computacional e robótica aplicada à reabilitação.
Para a reitora Suzane Gonçalves, o momento é simbólico para a educação pública brasileira. “A FURG tem um histórico de excelência em robótica e agora assume, com responsabilidade e entusiasmo, o desafio de formar engenheiros preparados para os desafios da indústria 5.0. É uma área em expansão no mundo todo, e o Brasil precisa estar preparado”, destacou.
Robótica e inteligência artificial lado a lado
O cenário nacional também foi decisivo para a criação da nova graduação. O diretor do Centro de Ciências Computacionais (C3), Eder Gonçalves, ressalta que o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) teve papel essencial no fortalecimento da proposta. “Estamos diante de um plano nacional que busca desenvolver tecnologias de IA adaptadas às necessidades do país. A robótica é estratégica nesse processo, pois caminha lado a lado com a inteligência artificial. A FURG reúne condições únicas para liderar essa formação”, afirmou.
Um polo de inovação tecnológica
O C3 é reconhecido como um dos principais centros de robótica do Brasil e abriga o iTec/FURG-Embrapii, unidade voltada ao desenvolvimento de soluções em automação, ciência de dados e robótica aplicada. Em parceria com empresas privadas e órgãos públicos, o núcleo já movimentou mais de R$ 40 milhões em projetos tecnológicos, consolidando a universidade como referência nacional na área.
A equipe FURGBot (Fbot), formada por alunos e pesquisadores, é tetracampeã nacional da Competição Brasileira de Robótica, apresentando robôs autônomos capazes de executar tarefas complexas tanto em ambientes domésticos quanto industriais.
Pioneirismo e tradição em tecnologia
O professor Paulo Drews, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Robótica, destaca que a nova graduação reafirma o espírito pioneiro da instituição. “Nos anos 1990, a FURG criou um dos primeiros cursos de Engenharia de Computação do Brasil. Agora, com Engenharia de Robôs, a universidade volta a liderar um movimento que vai moldar o futuro da tecnologia no país”, reforçou.
O coordenador do novo curso, Rodrigo Guerra, explica que o projeto foi resultado de um trabalho coletivo entre o Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef), a Escola de Engenharia, o Instituto de Oceanografia e outras unidades acadêmicas. “O curso foi amadurecido coletivamente dentro da universidade e passou por critérios rigorosos. O resultado é uma formação atual, robusta e alinhada às necessidades do país”, concluiu.
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