Comportamento
“LGB sem T”? A nova fissura no ativismo LGBTQIA+ e o que está por trás da ruptura

Nas últimas semanas, uma nova polêmica ganhou espaço nas redes sociais e nos círculos de militância: o surgimento de vozes que se declaram parte de um movimento chamado “LGB sem T” — ou seja, lésbicas, gays e bissexuais que questionam a permanência da letra T (de transgênero) na tradicional sigla LGBTQIA+. Com tom provocativo e discursos divergentes, esse novo posicionamento tem gerado discussões acaloradas e dividido opiniões, inclusive dentro da própria comunidade.
O debate não é exatamente novo, mas ganhou força com perfis públicos que passaram a levantar a bandeira da separação, argumentando que as demandas por orientação sexual (como ser gay, lésbica ou bi) seriam distintas e até contraditórias das pautas de identidade de gênero (como ser trans ou não binário). Para alguns, a união de todas essas letras sob o mesmo guarda-chuva estaria gerando um apagamento das vivências específicas — principalmente de gays e lésbicas.
A questão da representatividade e da linguagem
Entre os argumentos dos que defendem a cisão, está o de que homens e mulheres homossexuais estariam perdendo visibilidade dentro do movimento, ao passo que a pauta trans — considerada mais “recente” — teria assumido o protagonismo político e midiático. Essa percepção tem gerado incômodo em parte da comunidade que se diz deslocada dentro do atual discurso inclusivo, que valoriza a fluidez de gênero, a desconstrução da binariedade e a linguagem neutra.

Outro ponto de atrito é o debate sobre expressões de gênero e espaços seguros, principalmente em ambientes considerados historicamente lésbicos ou femininos. Parte das críticas vêm de mulheres lésbicas que afirmam que seus espaços foram diluídos ou reconfigurados por diretrizes que, segundo elas, não respeitam suas experiências enquanto mulheres homossexuais.
Redes sociais e a polarização do discurso
Com a velocidade das redes sociais, o movimento “LGB sem T” se disseminou como uma espécie de contrarreação. Mas o que poderia ser um diálogo interno tornou-se rapidamente uma guerra de hashtags, onde cada lado acusa o outro de silenciamento, transfobia ou cancelamento. O tom da discussão, por vezes agressivo, dificultou a construção de pontes e alimentou uma narrativa de ruptura que, na prática, enfraquece o poder coletivo de reivindicação da comunidade LGBTQIA+.
This is a declaration of independence. Today, lesbian gay and bisexual people have a new global organisation
— LGB International (@lgbinternationl) September 20, 2025
Learn more at https://t.co/m7Kvp0lkly#LGBInternational pic.twitter.com/cEUGgGjOBo
Vale lembrar que a sigla LGBTQIA+ foi pensada para representar uma ampla gama de identidades e orientações, reconhecendo que as lutas são múltiplas e que há interseções entre elas. Ainda assim, o cenário atual mostra que nem todos se sentem representados ou ouvidos dentro desse conjunto.
A complexidade da vivência e o risco da fragmentação
Por trás da divisão, existe uma questão delicada: nem toda vivência é igual, e nem toda luta caminha na mesma velocidade. Se por um lado há urgência em dar visibilidade às causas trans — uma das parcelas mais vulneráveis da sociedade —, por outro também é legítimo reconhecer que lésbicas, gays e bissexuais enfrentam desafios específicos, que não devem ser ignorados ou generalizados.
A ruptura, ainda que simbólica, mostra um desejo de revisão, de reconexão com pautas esquecidas e de escuta mais atenta dentro do próprio movimento. Mas também levanta um alerta: ao se dividir, uma comunidade perde força frente aos retrocessos e preconceitos que ainda existem em larga escala.
O futuro da sigla está em debate
A discussão sobre a permanência ou não da letra T na sigla não é apenas uma questão de semântica. Ela revela tensões internas, choques de geração, diferentes percepções sobre identidade e pertencimento, e uma busca por protagonismo que talvez tenha sido abafada ao longo do tempo.
O movimento “LGB sem T” surge, portanto, como um sintoma — não apenas de discordância, mas também de uma fase de transição. Entre o medo de apagamento e o desejo de escuta, entre a afirmação identitária e a rejeição ao que é novo, fica claro que a pauta LGBTQIA+ precisa de um novo momento de diálogo. Um momento mais empático, mais maduro, onde diferenças possam ser debatidas sem que isso signifique cancelamento ou exclusão.

Social Midia e crítica de cultura pop, Renata domina o mundo das fofocas e novelas como ninguém. Com uma trajetória em grandes portais de entretenimento, ela traz uma visão divertida e crítica sobre os bastidores do universo das celebridades e das tramas de novelas. Renata é conhecida pelo seu tom bem-humorado e envolvente, que leva os leitores a se sentirem parte dos acontecimentos, discutindo os detalhes de suas novelas favoritas e compartilhando curiosidades imperdíveis das estrelas.




