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Comportamento

Mais da metade dos brasileiros já chega ao fim do mês sem salário na conta

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sem dinheiro - Mais da metade dos brasileiros já chega ao fim do mês sem salário na conta

O mês mal começou e o saldo bancário já está perto do zero. Essa é a realidade de mais da metade dos trabalhadores no Brasil atualmente, como mostra um estudo recente sobre bem-estar financeiro. Ainda que exista uma leve melhora em relação ao ano passado, os números ainda preocupam — e muito. Entre o alto custo de vida, a pressão por manter as contas em dia e o estresse de não conseguir poupar, surge uma pergunta que não quer calar: por que o dinheiro some antes mesmo de virar o calendário?

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O levantamento mais recente, focado na saúde financeira dos trabalhadores brasileiros, revelou que 54% das pessoas com vínculo formal ou prestadores de serviços (PJ) não conseguem sustentar seu salário até o final do mês. No ano anterior, esse número era ainda maior: 62%. A queda representa um pequeno respiro, mas está longe de sinalizar estabilidade.

Além disso, a falta de controle sobre os próprios gastos ainda é predominante: apenas dois em cada dez brasileiros dizem ter plena consciência sobre para onde vai cada centavo do seu orçamento. Esse descompasso dificulta a reação diante de situações inesperadas, como uma emergência médica ou a quebra de um carro. Para se ter ideia, somente um quarto dos entrevistados conseguiria arcar com uma despesa de R$ 10 mil sem depender de empréstimos ou ajuda externa.

Quando o bolso pesa, a mente adoece

A instabilidade no orçamento impacta muito mais do que o extrato bancário. Ela compromete também a saúde emocional. Os números são contundentes: 66% relatam aumento do estresse, 43% se dizem mais irritados e 39% têm enfrentado episódios de insônia. Ou seja, o desequilíbrio financeiro vem acompanhado de um desgaste psicológico profundo — e que costuma se refletir na produtividade, nas relações interpessoais e até no desempenho no trabalho.

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Essa sobrecarga emocional, agravada por dívidas e pela sensação de estar sempre “correndo atrás do prejuízo”, acaba criando um ciclo difícil de romper. Para muitos, a sensação é a de trabalhar o mês inteiro apenas para ver o dinheiro escorrer pelos dedos no mesmo ritmo em que entra.

A renda que mal chega… já vai embora

Diante desse cenário, o que os brasileiros têm feito para tentar sobreviver financeiramente? A pesquisa aponta que quase metade dos trabalhadores (49%) recorre a bicos, freelas, ajuda da família ou crédito para complementar a renda. Já 5% assumem que não têm nenhuma alternativa: simplesmente não conseguem pagar as contas e enfrentam a inadimplência como consequência direta.

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Não é difícil entender o porquê. A maior parte do salário vai direto para alimentação, contas básicas como água, luz e gás, além de parcelamentos e compromissos já assumidos com financiamentos, mensalidades escolares ou empréstimos. Com isso, sobra pouco ou nada para lazer, bem-estar ou eventuais imprevistos — e muito menos para economizar ou investir.

Educação financeira vai além da matemática

O estudo também acende um alerta que transcende o presente: o quanto a falta de educação financeira impacta gerações inteiras. Embora falar de dinheiro ainda seja tabu em muitas famílias, cresce a percepção de que ensinar crianças e adolescentes a lidar com orçamento, consumo e escolhas financeiras pode ser decisivo para um futuro mais equilibrado.

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A ideia é simples: ao aprender desde cedo a entender a diferença entre desejo e necessidade, entre gastar e investir, as novas gerações terão mais chances de romper com o padrão de desorganização e endividamento. Isso passa por atitudes do dia a dia — como ensinar o valor do dinheiro de forma prática, envolver os pequenos nas decisões de casa e mostrar que poupar não é apenas guardar, mas planejar.

Não se trata de restringir, mas de criar consciência sobre hábitos saudáveis. E quanto mais cedo essa conversa começa, maiores são as chances de desenvolver adultos mais preparados para enfrentar os altos e baixos da vida financeira — com autonomia, segurança e saúde mental.