“Meu pai é o pai do Brasil”: Mauro Sousa homenageia os 90 anos de Mauricio

Quem cresceu folheando revistinhas coloridas com a Turma da Mônica não imaginava que, por trás daqueles traços marcantes, havia um homem que se tornaria parte da própria identidade cultural brasileira. Aos 90 anos, Mauricio de Sousa não é apenas o pai de Mônica, Cebolinha e Magali — ele é o pai afetivo de gerações inteiras.

Com uma trajetória entrelaçada com a infância do país, seu legado foi celebrado em São Paulo com a estreia da cinebiografia que carrega seu nome e sua história: Mauricio de Sousa – O Filme. O público aplaudiu, os filhos se emocionaram e Mauro Sousa, um dos dez herdeiros do desenhista, resumiu o sentimento coletivo em uma única frase: “Meu pai é o pai do Brasil.”

Um pai para além da família

No palco da Cinemateca Brasileira, durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Mauro Sousa assumiu um papel especial: ele não só interpreta Mauricio na juventude como também entregou ao público uma das falas mais emocionantes da noite. Reconheceu, com carinho, o que milhões de brasileiros sentem: Mauricio de Sousa é um paizão nacional. “As obras dele são como nossos melhores amigos. É um carinho que ultrapassa o que é físico. E eu não tenho ciúmes, tá?”, brincou Mauro, entre sorrisos e lágrimas.

Ao lado do marido, estava Alice Takeda, esposa e parceira criativa de longa data, que também participou da sessão especial. Ela compartilhou memórias de décadas de convivência, revelando que a simplicidade e a generosidade de Mauricio não são apenas traços de seus personagens — mas do próprio autor. “Ele sempre nos ensinou que todos somos iguais. Sem diferença de cor, raça ou status”, disse Alice, emocionando ainda mais o público.

Um coração que nunca cresceu… e ainda sonha

A infância que Mauricio desenha nunca se apaga. Mesmo agora, já tendo cruzado nove décadas de vida, ele segue sendo um menino que se encanta com tudo ao redor. “Mora uma criança linda naquele coração”, resumiu o diretor Pedro Vasconcelos, responsável pelo filme. Segundo ele, a ternura e a humanidade de Mauricio transbordam em cada cena da produção, que vai além de uma biografia — é uma homenagem ao afeto que constrói um país mais doce.

Na história contada nas telonas, o público vê o início do desenhista, os bastidores da criação da Turma da Mônica, e a maneira como sua vivência pessoal sempre alimentou o imaginário dos personagens. “Eu falava da minha infância, do meu cachorrinho, das minhas travessuras…”, já contou Mauricio em entrevista à TV Brasil. É essa autenticidade que faz com que suas histórias atravessem gerações e ainda hoje sejam lidas por pais e filhos.

Um olhar à frente do seu tempo

Seus quadrinhos foram, desde o começo, um reflexo do mundo que Mauricio queria construir. Para Marina Sousa, filha do autor e inspiração para uma das personagens da turma, o pai sempre esteve à frente. “Ele acompanhava a sociedade. Sabia o que as pessoas gostavam e queria agradar todos. Isso é ser visionário”, explicou. Foi assim que surgiram personagens com deficiência, diversidade étnica e temáticas sobre respeito — muito antes de esses assuntos se tornarem parte das discussões centrais da sociedade.

Mauricio de Sousa nunca parou de criar. Mesmo com o passar do tempo, continua observando os netos, anotando ideias e transformando cada cena cotidiana em uma possível história. “Ele olha meus filhos brincando e logo diz: isso dá personagem!”, contou Marina. A mente de Mauricio não descansa, porque o coração de artista não conhece aposentadoria. Ele mesmo já disse: “Artista vira estrelinha e continua iluminando algum pedaço por aí.”

Uma estrela que brilha dentro e fora do papel

O carinho pelo autor e seus personagens não se restringe ao papel ou à tela. É um afeto que pulsa em quem aprendeu a ler com as aventuras da Mônica, que aprendeu sobre amizade com o Cascão, que entendeu o valor da diversidade com a Tina, o Luca e tantos outros. Ao completar 90 anos, Mauricio de Sousa colhe o fruto de uma vida dedicada ao desenho, mas sem nunca perder o traço da sensibilidade e da empatia.

Alice resume o sentimento que deve embalar esse aniversário especial: “Vai ser emocionante. Ele vai receber muitos abraços de gratidão, de pessoas dizendo ‘o senhor me ensinou a gostar de ler’. Não tem presente melhor que esse.”

Renata Oliveira

Social Midia e crítica de cultura pop, Renata domina o mundo das fofocas e novelas como ninguém. Com uma trajetória em grandes portais de entretenimento, ela traz uma visão divertida e crítica sobre os bastidores do universo das celebridades e das tramas de novelas. Renata é conhecida pelo seu tom bem-humorado e envolvente, que leva os leitores a se sentirem parte dos acontecimentos, discutindo os detalhes de suas novelas favoritas e compartilhando curiosidades imperdíveis das estrelas.