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Pets no Brasil: o amor por cães e gatos já move famílias e a economia

Há muito tempo os animais de estimação deixaram de ocupar apenas o quintal ou a varanda. Hoje, eles dormem na cama dos tutores, têm nome, sobrenome, festa de aniversário, plano de saúde, creche e até roupinhas combinando com os looks da dona. Mais do que uma tendência, essa mudança de comportamento revela um novo modelo de família e um mercado em plena ascensão no Brasil.
Enquanto o número de filhos por domicílio diminui, cresce o número de pets por casa. Dados recentes mostram que a média nacional chegou a 2,3 animais por residência, um salto que acompanha não só transformações culturais, mas também afetivas. O vínculo entre pessoas e seus bichinhos não é mais apenas de companhia — é de pertencimento.
A força do setor pet na economia brasileira
A evolução dessa relação também impacta diretamente o bolso das famílias. Entre 2002 e 2018, triplicou o número de lares que declararam gastos mensais com pets. E esses gastos não se restringem mais à ração e ao veterinário. Hoje, incluem plano de saúde, petiscos gourmet, spas, hotéis e até sessões de fisioterapia e massagem canina.

Esse avanço não se restringe às classes mais altas. A classe média brasileira também tem ampliado os investimentos em produtos e serviços voltados ao bem-estar dos animais. O mercado entendeu esse movimento e respondeu com inovação: surgiram brinquedos interativos, shampoos veganos, snacks naturais e adestramento comportamental personalizado.
Mudança de perfil: menos filhos, mais pets
O modelo tradicional de família passou por uma metamorfose silenciosa. Casais sem filhos ou com apenas um bebê, pessoas solteiras, lares com idosos ou jovens independentes encontraram nos cães e gatos uma nova forma de companhia. Em muitos casos, os pets ocupam o lugar simbólico de um filho.
Essa dinâmica cultural é chamada de pet parenting: o tutor projeta no animal um papel afetivo profundo, com atenção e cuidados semelhantes aos dispensados a uma criança. O resultado? A média de gastos com pets cresceu 145% em 15 anos, sendo que famílias menores e com maior escolaridade costumam investir mais.
O pet vai à creche, ao shopping e ao brunch
Os animais estão cada vez mais presentes na vida social dos tutores. Restaurantes, bares, shoppings e sorveterias passaram a se declarar pet friendly, recebendo os bichinhos com tapetes, potes de água e, em alguns casos, até cardápios exclusivos.

Além disso, creches e hotéis para pets se tornaram parte da rotina de quem trabalha fora e não quer deixar o animal sozinho. Em grandes cidades, a mensalidade de uma creche pode ultrapassar R$ 800, o que mostra o quanto o setor se sofisticou — e quanto os tutores estão dispostos a pagar para garantir conforto e atenção para seus amigos de quatro patas.
Um mercado em expansão (e com muito potencial)
Dados de exportações também revelam a relevância do mercado pet brasileiro no cenário global. De 2020 a 2024, as exportações de ração para cães e gatos cresceram quase 60%, consolidando o Brasil como um dos principais players mundiais no segmento.
Além das rações, serviços considerados antes “supérfluos” passaram a compor o cotidiano de muitos tutores: banho terapêutico, hidratação de pelos, corte de unha com esmalte atóxico e roupas de inverno fazem parte da lista. Inclusive, algumas empresas já cogitam incluir o animal no plano de saúde corporativo dos funcionários.
Amor com responsabilidade
Embora a indústria pet esteja em crescimento acelerado, é importante reconhecer que essa transformação não se limita ao consumo. Ela reflete um entendimento mais profundo sobre o papel dos animais em nossas vidas. Para muitos, os pets são a razão do sorriso ao chegar em casa, o apoio em momentos de tristeza e o incentivo para praticar atividades físicas.
Esse vínculo emocional tem impacto direto na saúde mental, com relatos de tutores que superaram depressão, solidão e luto graças à presença dos seus animais. Ao mesmo tempo, exige uma nova postura: tutores precisam estar conscientes de que adotar um pet envolve responsabilidades diárias, afetivas e financeiras.
Um futuro com mais acolhimento e empatia
Em um país onde o número de cães e gatos cresce ano após ano, enquanto o número de filhos diminui, a forma de amar também se reinventa. E esse amor move não apenas o coração, mas também a economia, a política e a cultura. Tanto que já tramita no Senado um projeto de lei para a criação do Dia dos Pais e Mães de Pet, celebrado em 4 de outubro — data de São Francisco de Assis, o protetor dos animais.
Mais do que números, essa nova configuração familiar mostra que, ao acolher um pet, muita gente também encontra acolhimento. E transforma a casa num lar cheio de afeto, pelos e alegria.

Formada em administração e apaixonada por animais, Suzana dedica sua vida a causas que promovem o bem-estar animal. Com uma habilidade única para transformar sua paixão em palavras, ela escreve sobre pets e o mundo animal de forma envolvente e informativa. Defensora ativa dos direitos dos bichinhos, Suzana alia conhecimento e sensibilidade para inspirar leitores a cuidarem melhor de seus amigos de quatro patas. Seu estilo cativante e cheio de empatia conecta amantes de animais, trazendo dicas, histórias curiosidades que fazem a diferença na vida de tutores e pets.

