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Startup brasileira desenvolve pele artificial para treinos cirúrgicos veterinários e promete revolucionar o ensino

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Resumo

• A Simulavet, incubada pelo Tecpar, desenvolve pele artificial para substituir cadáveres em treinamentos cirúrgicos veterinários com mais ética e realismo.
• O projeto nasceu do mestrado do veterinário Matheus Cruz, que identificou problemas no uso de cadáveres em decomposição e criou um simulador mais seguro e fiel aos tecidos reais.
• Com apoio técnico da Intec, a startup avança para industrializar o produto e lançar modelos para suturas, entubação, castrações e procedimentos emergenciais até 2026.
• Especialistas como Allessandra Kopf validam o realismo dos simuladores, destacando a textura e camadas que reproduzem pele, subcutâneo e musculatura.
• A iniciativa do Tecpar reforça o compromisso com inovação, formação qualificada e criação de soluções nacionais que democratizam o ensino veterinário.

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Uma inovação que nasceu de uma sala de aula pode estar prestes a transformar para sempre a educação veterinária no Brasil. Incubada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a startup Simulavet está desenvolvendo uma pele artificial de alta precisão, que simula com realismo impressionante os tecidos de animais. O objetivo? Substituir o uso de cadáveres nos treinamentos práticos de faculdades e centros de ensino em todo o país.

Com o apoio direto da Intec, incubadora do Tecpar, a startup dá passos decisivos para transformar o que antes era um protótipo artesanal em um produto nacional, produzido em escala e com acessibilidade para o mercado brasileiro — hoje dependente de itens importados e de alto custo.

Um novo cenário para os treinamentos veterinários

O criador do projeto, o médico-veterinário Matheus Cruz, explica que a ideia da pele sintética surgiu durante sua pesquisa de mestrado. Segundo ele, a dificuldade crescente em obter cadáveres de forma ética — já que muitos tutores optam por cremações ou sepultamentos — levou à reutilização de corpos em avançado estado de decomposição. Isso compromete gravemente a qualidade do ensino.

“A putrefação altera completamente os tecidos, e isso deixa de simular um procedimento real. O objetivo dos simuladores é substituir esse cenário, garantindo segurança, padrão nas aulas e a possibilidade de remontar os modelos para repetir os treinamentos”, afirma.

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A proposta da Simulavet é criar simuladores realistas que ofereçam uma alternativa ética e eficaz, sem abrir mão da fidelidade anatômica. A textura, a resistência da pele e até as camadas musculares são cuidadosamente reproduzidas para permitir práticas como suturas, incisões e manipulações cirúrgicas, com segurança e repetição — algo impossível com cadáveres reais.

Da pesquisa acadêmica ao empreendedorismo real

Inicialmente, Cruz não imaginava transformar a ideia em um negócio. Mas ao entrar em contato com a Intec, descobriu o potencial empreendedor da sua inovação. “Procurei a Intec com receio de que o projeto não fosse relevante o suficiente. Ser aceito pelo Tecpar foi uma validação enorme. Eu nunca tinha tido contato com o universo do empreendedorismo, e agora consigo enxergar o futuro de forma muito mais concreta”, conta.

Hoje, a Simulavet trabalha lado a lado com especialistas do Tecpar para otimizar materiais, reduzir custos e desenvolver novos simuladores — como modelos para entubação, acesso venoso, castrações e drenagem torácica, fundamentais no ensino de procedimentos emergenciais em clínicas e hospitais veterinários.

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Tecnologia nacional para democratizar o ensino

Um dos principais objetivos da startup é nacionalizar um produto que hoje só existe fora do Brasil, o que encarece e dificulta o acesso a boas práticas de ensino. “A empresa busca suprir o mercado da educação veterinária com um insumo acessível para testes e simulações. Hoje todos os concorrentes são importados e isso encarece muito o ensino”, explica Rogério Moreira de Oliveira, gerente do Creative Hub do Tecpar.

A estimativa é que o produto esteja pronto para lançamento comercial já no início de 2026, com foco em faculdades, centros de treinamento e clínicas que desejam investir na formação de seus profissionais com responsabilidade, realismo e ética.

Mais realismo, menos sofrimento animal

A médica veterinária Allessandra Kopf conheceu o projeto ainda em 2017, quando era estudante, e testou o primeiro protótipo desenvolvido por Cruz. “A textura é muito mais próxima da pele animal, especialmente na hora de realizar suturas. Dá para trabalhar as camadas pele, musculatura, subcutâneo, de um jeito muito mais realista. Isso traz eficiência, segurança e diminui significativamente o uso de cadáveres”, relata.

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Com esse avanço, a prática de treinar em cadáveres — que além de ser limitada e insalubre, é emocionalmente desgastante para alguns estudantes — pode ser substituída por um recurso tecnológico mais limpo, reutilizável e ético.

Tecpar como ponte para o futuro

De acordo com Eduardo Marafon, diretor-presidente do Tecpar, esse é exatamente o papel da incubadora tecnológica: transformar boas ideias em soluções reais, com impacto direto na economia e no desenvolvimento social. “O Tecpar tem como missão ser um indutor de desenvolvimento social e econômico no Estado e a incubadora é um dos braços para gerar apoio a novas empresas, que, ao crescer, geram emprego e renda no Paraná”, pontua.

A Simulavet segue agora em processo de estruturação visual, planejamento financeiro, ajustes técnicos e expansão da equipe, com vistas à produção em escala nacional.

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Oportunidade para novas ideias

A Intec está com edital aberto para a seleção de novas empresas de base tecnológica, com foco em propostas inovadoras para produtos, serviços ou modelos de negócio. Os critérios de avaliação incluem nível de inovação, viabilidade técnica e impacto potencial. Para quem, como Matheus Cruz, ainda tem dúvidas sobre o potencial de uma ideia, o Tecpar pode ser a ponte entre o laboratório e o mercado.

Fonte: AEN/PR / TECPAR