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Perfumes

Startup brasileira lança fragrância amazônica com efeito funcional

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Resumo

• A startup Amazon Cure criou uma linha de perfumes funcionais amazônicos que unem ciência, ancestralidade e bem-estar, desenvolvida na Oka Hub, incubadora do Sebrae no Pará.
• As fragrâncias Karú e Iahara, inspiradas na cultura tupi-guarani, combinam aromas e efeitos adaptógenos, promovendo equilíbrio emocional e benefícios ao corpo.
• O projeto nasce de mais de dez anos de pesquisa do professor José Carlos Tavares sobre os efeitos dos óleos voláteis amazônicos na pele humana.
• O laboratório instalado na Oka Hub fortalece a bioeconomia amazônica, conectando inovação tecnológica e sustentabilidade.
• A iniciativa inclui comunidades ribeirinhas e pequenos produtores, promovendo inclusão social e valorização do conhecimento tradicional.

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A Amazônia há muito tempo inspira o mundo da beleza, mas desta vez o movimento vem de dentro da própria floresta. Uma startup paraense, a Amazon Cure, desenvolveu uma linha de perfumes funcionais amazônicos que não apenas perfumam, mas também atuam no bem-estar do corpo. A

criação surgiu dentro da Oka Hub, incubadora do Sebrae que apoia negócios ligados à bioeconomia amazônica em Belterra, na região de Santarém (PA), e representa uma nova etapa para a perfumaria nacional, que passa a olhar com mais cuidado para o conhecimento dos povos tradicionais e para o uso responsável dos recursos da floresta. Inspirada na ancestralidade, a linha integra pesquisa científica, saberes populares e valorização da sociobiodiversidade, reforçando que a Amazônia pode ser, ao mesmo tempo, laboratório, origem e futuro da beleza brasileira.

A linha faz parte da marca Terra Preta Biocosméticos e foi desenvolvida pelo professor doutor em farmacologia botânica José Carlos Tavares, que também é CPO da Amazon Cure. Ele explica que o objetivo não era apenas criar um perfume com cheiro agradável, mas um produto que entregasse algo a mais.

“É algo totalmente inovador, uma nova visão da perfumaria porque além do aroma extremamente agradável, o perfume tem efeito adaptógeno que proporciona o bem-estar nas pessoas”, afirma. Essa visão diferencia a proposta de fragrâncias comuns, que costumam focar apenas na experiência sensorial imediata. No caso dos perfumes funcionais amazônicos, o aroma é o ponto de encontro entre ciência e natureza.

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O desenvolvimento levou cerca de dois anos dentro do laboratório instalado na Oka Hub, mas o caminho científico é mais longo. Tavares dedica quase uma década a estudar as propriedades de essências e óleos voláteis amazônicos no corpo humano. Ele faz questão de frisar que não se trata de aromaterapia, e sim de investigar o impacto direto desses bioativos quando entram em contato com a pele.

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“Não estou falando de aromaterapia, mas sim dos efeitos benéficos que esses óleos voláteis de bioativos amazônicos causam em contato diretamente com a pele”, reforça. A partir dessa lógica, o perfume deixa de ser visto só como acessório de beleza e passa a ser compreendido como produto de cuidado, capaz de atuar no organismo de forma suave, com base em compostos que fazem parte da flora brasileira.

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Um dos grandes diferenciais da linha está justamente em considerar os efeitos farmacológicos dos óleos voláteis usados na fórmula. Segundo o pesquisador, esse não é um cuidado comum na indústria tradicional de perfumaria, que costuma mirar primeiro o cheiro e, depois, a fixação. “Não é apenas a mistura de essências com um cheiro muito gostoso – algo que os perfumistas das grandes indústrias fazem, se preocupando apenas com o cheiro e o aroma”, explica Tavares, que foi reconhecido entre os 2% dos cientistas mais influentes do planeta pela Top Researchers List 2025, da Universidade de Stanford (EUA). Ao trazer esse olhar científico para um produto de beleza, a startup mostra que é possível ter luxo, natureza e inovação dentro do mesmo frasco.

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A primeira coleção de perfume funcional amazônico foi lançada com duas fragrâncias: uma masculina, chamada Karú, e uma feminina, Iahara. Os nomes de origem tupi-guarani reforçam a proposta de autoconhecimento e conexão com a natureza. A ideia é que o perfume não seja usado apenas para perfumar o dia, mas como um ritual de equilíbrio, em que o ato de aplicar a fragrância se transforma em momento de cuidado. Segundo a Amazon Cure, Karú remete a um estado de tranquilidade e harmonia, o que dialoga com a proposta de regular estresse e atenuar comportamentos mais agressivos. Já Iahara foi pensada para o bem-estar feminino e pode auxiliar em desconfortos do período menstrual e em quadros de enxaqueca, sempre com o suporte dos bioativos amazônicos e do efeito adaptógeno da fórmula.

Essa combinação entre benefício sensorial e funcional aproxima a perfumaria de uma tendência que já vem sendo vista no universo da beleza limpa: produtos que fazem mais de uma coisa ao mesmo tempo. No lugar de apenas perfumar, esse tipo de fragrância conversa com a rotina de autocuidado e com o desejo de viver de maneira mais natural, sem abrir mão da sofisticação. É uma resposta também ao movimento de resgate das raízes brasileiras, que valoriza ingredientes da floresta e reconhece a inteligência dos povos que há séculos conhecem e utilizam essas plantas.

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O nascimento da linha de perfumes dentro da Oka Hub não é coincidência. A incubadora funciona dentro do Museu de Ciência da Amazônia e foi estruturada para apoiar empresas que transformam insumos naturais da floresta em produtos de alto valor agregado. A Amazon Cure instalou ali seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para dar suporte científico à criação de cosméticos e fármacos com base nos ativos da região. De acordo com o Sebrae, outras nove empresas incubadas terão acesso à mesma infraestrutura, o que significa que o perfume funcional amazônico é apenas o começo de uma cadeia que tende a gerar mais produtos, mais conhecimento e mais renda a partir da biodiversidade local.

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O analista de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, Thyago Gatto, explica que os serviços do laboratório ajudam as empresas a realizar análises químico-físicas, validar fórmulas e obter dados importantes para o aumento da produtividade. Isso reduz custos e acelera o processo de inovação, algo essencial para pequenos negócios da Amazônia que querem competir com marcas já consolidadas. Ao mesmo tempo, esse apoio evita que a região fique apenas como fornecedora de matéria-prima bruta, estimulando o desenvolvimento de tecnologia na própria floresta e fortalecendo a bioeconomia como estratégia de futuro.

Outro ponto relevante da iniciativa é a preocupação com a inclusão social e produtiva das comunidades locais. A Amazon Cure, em parceria com o Sebrae, está realizando um estudo de impacto para mapear quais grupos tradicionais podem se tornar fornecedores dos insumos usados na perfumaria. Tavares lembra que ribeirinhos e povos tradicionais têm amplo conhecimento sobre o uso de plantas nativas e que esse saber precisa ser valorizado. A proposta da startup não é reproduzir o modelo exploratório de grandes indústrias que retiram recursos da Amazônia sem retorno para a população. “Não é um projeto imediatista, mas sim estruturante para o futuro. Se não for assim, estaríamos replicando o que as grandes empresas já fazem, explorando a Amazônia sem levar solução para os problemas dessa população local”, afirma.

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Para tornar isso viável, pequenos produtores do Baixo Amazonas recebem orientação, capacitação e são estimulados a formar associações e cooperativas. Assim conseguem produzir com padrão e qualidade para atender à demanda dos compradores. Isso significa que cada frasco de perfume amazônico funcional carrega, além de aroma e ciência, uma história de desenvolvimento territorial, geração de renda e reconhecimento da cultura local. A beleza, nesse caso, vem acompanhada de propósito.

A Amazon Cure já sinalizou que a linha Terra Preta Biocosméticos deve lançar novos produtos com a mesma filosofia: usar bioativos amazônicos para criar itens de cuidado com função real no corpo. Esse movimento acompanha o crescimento de um público que quer consumir com consciência, conhece mais sobre ingredientes e espera que marcas brasileiras valorizem sua própria floresta. Para uma revista feminina que fala de perfumes, lifestyle, novidades de beleza e também de histórias inspiradoras, essa é a narrativa perfeita: uma empresa da Amazônia, liderada por pesquisa científica brasileira, cria fragrâncias que aproximam quem usa da natureza e, ao mesmo tempo, ajudam comunidades que conhecem e cuidam dessa natureza há gerações.