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UFRJ aprova cotas para pessoas trans e fortalece inclusão no ensino superior

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O acesso ao ensino superior público no Brasil ganha um novo capítulo de inclusão. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou a implementação de cotas para pessoas transgênero em seus cursos de graduação e pós-graduação. A medida, anunciada no fim de maio, começa a valer no ingresso de 2026 e reserva 2% das vagas ofertadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) a essa população historicamente marginalizada.

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A decisão foi chancelada pelo Conselho Universitário da UFRJ e consolida um processo que vinha sendo articulado desde outubro de 2024 pela Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade da universidade. Em nota, o reitor Roberto Medronho destacou o caráter reparador da medida: “As cotas são um mecanismo de justiça social e de reparação, além de representarem uma resposta ao contexto de exclusão”.

A aprovação das cotas na UFRJ, considerada em 2025 a segunda melhor universidade do país segundo o Center for World University Rankings (CWUR), fortalece a imagem da instituição não apenas como polo de excelência acadêmica, mas também como agente ativo de transformação social.

Com a decisão, a UFRJ passa a integrar uma lista de pelo menos 30 universidades federais que já contam com sistemas de cotas para pessoas trans. Esse número, segundo levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), sinaliza um avanço gradual, embora ainda desigual, nas políticas de inclusão no ensino superior público brasileiro.

O Rio de Janeiro, onde a UFRJ está localizada, se destaca como o estado com maior número de instituições federais com políticas afirmativas voltadas à população trans. Já na Região Sudeste, 12 universidades federais adotam esse tipo de ação, incluindo a UFF, UFRRJ, UFU, UFSCar, UNIFESP e UFABC.

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Outras instituições que também seguem na mesma direção são a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que aprovou uma política semelhante em abril, além de universidades do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. Em comum, todas adotam cotas em cursos de graduação, e algumas também estendem a política para a pós-graduação.

A inclusão de pessoas trans em ambientes universitários representa mais do que números. Trata-se de criar ambientes seguros, diversos e representativos, onde seja possível reconstruir trajetórias marcadas por violências, preconceitos e exclusões estruturais.

A baixa presença dessa população no ensino superior é reflexo de um ciclo social perverso, que começa muito antes do vestibular. A evasão escolar, as barreiras econômicas, o preconceito institucionalizado e a violência cotidiana ainda impedem o avanço educacional de milhares de jovens trans no Brasil.

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Ao reservar parte de suas vagas de forma específica para esse grupo, universidades como a UFRJ não apenas ampliam o acesso, mas reconhecem as desigualdades acumuladas e assumem o compromisso de enfrentá-las com políticas concretas

A medida da UFRJ não é isolada: ela é parte de uma movimentação crescente no Brasil que entende educação como ferramenta de transformação social. Ao se somar a outras 29 instituições, a universidade mostra que a excelência acadêmica pode (e deve) caminhar junto da equidade e da diversidade.

Com a decisão, abre-se espaço para novos sonhos, trajetórias e possibilidades. Afinal, como bem afirmou o reitor Medronho, trata-se de um ato de justiça e reparação. E, neste cenário, cada vaga aberta é mais do que uma oportunidade: é um sinal claro de que todos os corpos, histórias e identidades merecem estar onde o conhecimento é produzido.